domingo, 31 de agosto de 2014

Uma crônica sobre o medo.


Tu vive falando que quer aventura, mas tem medo de pular de para quedas. Tem medo de velocidade. Tem medo de altura. De riscos. Eis aqui a realidade: Até quem acha que o chão é seguro pode tropeçar.

Eu nunca fui a pessoa mais corajosa do mundo. Minhas pernas tremem só de pensar em aranhas e tubarões. E em me machucar. 

A gente pode até negar, mas lá no fundo todo mundo tem esse medo. Todo mundo tem uma pontinha de "e se eu me fuder de novo?". É natural, é instintivo. Se você pisa num caco de vidro, alguma parte do seu cérebro vai apitar quando passar por copos, pratos ou qualquer objeto do mesmo material. O foda é que você não deixa de comer porque cortou o dedo num prato de vidro.. Então por que deixar de se relacionar em função de uma experiência frustrada? 

Se desistíssemos a cada experiência que deu errado, ainda estaríamos aninhados no colo das nossas mães. Lá era seguro. Eu não ia cair de bunda no chão tentando engatinhar e jamais teria quebrado meus dentes tentando andar de bicicleta. E aqueles arranhões no joelho quando eu, desastrada desde o útero, resolvi correr? Nem te conto sobre as mechas de cabelo perdidas quando eu descobri a tesoura ou as idas ao médico pra tirar caroço de feijão, milho ou espuma do nariz. Sei lá, aquele buraco tinha que ter alguma função além de respirar. Hoje ele sustenta uma bela argola. 

Eu tenho uma ideia meio clean de relacionamentos, talvez por não ter tido muitos, talvez por assistir muita comédia romântica, talvez por acreditar que quando a gente quer, dá um jeito. E eu tô dando o meu jeito. Torto, desengonçado, as vezes agressivo, mas é o meu jeito e eu tô tentando, então, não enche o saco. 

E você? As vezes você me confunde. Eu não sei se é quem diz ou quem demonstra ser. Faz sempre questão de dizer que a vida foi dura, que já sofreu e tem medo de se machucar de novo. Por outro lado não perde a oportunidade de cantarolar "Eu, você, dois filhos e um cachorro.Um edredom, um filme bom no frio de agosto.E, ai, cê topa?" . Como eu fico nessa? Perdida, oras. Nem todas as minhas aulas de psicologia aplicada conseguem desvendar o que tem por trás dessa cara de príncipe de conto de fadas as avessas.

Eu acho mesmo é que você tem medo de mim. Mede de eu ser realmente tudo o que você sempre procurou por aí e só encontrava em doses homeopáticas espalhadas em cada porto. Admite que você se assustou quando eu apareci do nada e mostrei que tu pode ter o mosaico do melhor da vida em uma pessoa só. 


Confessa que eu te assusto quando te convido pra sair, quando dispenso teu dinheiro e pago o taxi ou o cinema. Quando te jogo no sofá e assumo as rédeas da situação. Quando não só digo, mas provo que sou diferente dessas tantas que já passaram na tua vida.

Quer saber mais? Eu também tenho medo, também já quebrei a cara por aí, mas acho que vale a pena tentar de novo. Eu sei que tem outros travesseiros por ai esperando pra ficar impregnados com o meu xampu, eu sei que tem outros colos pra eu deitar, eu sei que posso me sentir tão bem com qualquer outro, mas eu não quero. Eu escolhi você pra ser o meu pokemon.


Eu gosto desse monte de defeitos que te fazem ser único. Tu pode ser um babaca, mas só eu sei o quanto me faz bem. Eu gosto quando você lembra de algo que eu falei ou fiz, ou de como reagi em determinada situação. Quando me elogia do nada ou quando inventa algum defeito só pra implicar. Quando, no meio da noite você acorda, beija minha testa e dorme de novo. Quantas vezes você dormiu no meu colo enquanto eu mexia no seu cabelo e eu fiquei ali, admirando aquela cena como se fosse a coisa mais bonita do mundo..E eu me sinto feliz por estar ali, por estar com você.. E naquele momento o medo vai embora..


Pode falar que gosta quando eu me aninho seu peito enquanto assistimos anime, quando eu te explico os detalhes daquela triologia medieval ou daquela série de zumbi. Que gosta quando fazemos guerra de almofadas ou de coração de borracha (Que cena linda! Um jogando o coração pro outro como quem diz "segura que é seu."). Fala, pode falar. Fala pra você, fala pro espelho, e quando estiver pronto pra assumir, fala pra mim.


Então me diz..Vale a pena ter medo e deixar tudo isso se perder? 



Nota de rodapé: Aprende com o Zac Efron. O cara é galã, sabe dançar e mesmo assim, quase perdeu a loirinha. Tu não tá com essa bola toda..Vai dispensar a morena?



terça-feira, 12 de agosto de 2014

Let it be


Você tá bem, tá feliz. Encontrou um cara legal e está curtindo ficar com ele. Vocês tem gostos e traumas em comum, riem de coisas idiotas e conversam sobre tudo, todos os dias desde que se conheceram. Parecem anos, mas são meses..E quanta coisa já aconteceu.

Ele te trata bem, te faz bem. Te mostra uma versão de você que até então era desconhecida. Quem diria que por baixo dessa armadura de ironia e sarcasmo existiria alguém capaz de ter sentimentos. Alguém que se importa, que se preocupa, que quer estar junto.. E que demonstra! 

Você não se importa de parecer idiota questionando o gráfico de um jogo ou debatendo sobre aquela triologia super complexa e cheia de personagens com nomes difíceis. Você não se importa de passar a noite em claro controlando uma febre ou de assumir que chorou quando ele passou alguns dias fora. Não, pera. Isso eu não assumi

Ele é o cara, e você sabe disso. Com ele você é simplesmente você. Sem máscaras, sem truques, sem maquiagem. Sem maquiagem não. Lapis de olho é vida!

E você não quer perder. Acorda todo dia com um nó na garganta, um aperto no peito: Será que ele ainda está aqui? Será que ainda está tudo bem? Se vocês se falam e o assunto não flui, já vem aquela sensação de “fudeu! O encanto acabou”.

Minha menina, senta aqui. Não é assim que a banda toca. Como diria o velho Lulu (o Santos, não o aplicativo) “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo muda o tempo todo no mundo”. E por mais estranha e alienígena que você seja as vezes, você faz parte desse mundão, então..Por que com você teria que ser diferente? Por que teria que existir constância?

Vamos ser sinceras, se tudo fosse muito igual, muito calmo, você já teria pulado desse barco há muito tempo. No fundo você precisa disso. Você gosta disso. Você quer a sorte de um amor tranquilo, mas tem a necessidade de ser conquistada todos os dias. Teu vênus em gêmeos grita, implora por um amor leve, bem humorado e sem grades. Por que tentar aprisionar se você também quer voar?  E voar não significa estar sozinho..
 

Menina, aquieta esse coração. As vezes tu busca tanto uma coisa que ela acaba se perdendo. E quantas vezes você já perdeu? Deixa ser.. Deixa  que os ventos soprem, deixa que os astros façam a parte deles.. Mas faz tua parte! Não cruza os braços que o príncipe encantado não cai do céu. Vai a luta! Sacode o cabelo, faz carão, seduz o moço! Eu sei que você é um desastre nesse quesito mas vai que ele gosta de coisas estranhas.. Vai que ele gosta do seu riso frouxo, seu jeito torto, sua falta de sensibilidade e mania de debochar de tudo.. Tem louco pra tudo!

Se for pra ser, será. E se não for, a gente dá um jeito..

Vai lá, assopra a florzinha dos pedidos e pede, pede pra que o filho da puta perceba que você é artigo raro (trocadilho ó ó) no mercado e  que tá dando um mole desgraçado pra ele..

A necessidade de se reinventar todos os dias, sem nunca deixar de ser você.

Eu sofro do mal do desinteresse precoce. Seja por pessoas ou coisas. Seja por mim mesma. Em contra partida tenho uma necessidade frequente de estabilidade, de continuidade. E ai vem a questão: Como andar na mesma estrada sem se cansar do caminho?
Você acorda todos os dias as 7, levanta da cama, toma seu café da manhã. Confere as novidades nas redes sociais e só então toma seu banho e vai trabalhar. Ai começa seu dia. Relatório, ligações, clientes. Fim do expediente e você vai pra casa, pro curso, pra faculdade. Assiste tv, lê um livro, joga vídeo game, estuda e dorme. No dia seguinte, é tudo a mesma coisa. Rotina. Hábito.

A gente se acostuma, se acomoda e quando percebe tá lá, repetindo frases, gestos e atitudes. Criando um ciclo vicioso. Depois reclama que o futuro tá repetindo o passado.
E isso cansa.

Tenho medo de me repetir, de virar rotina, ao mesmo tempo tenho medo de mudar e perder a graça. Medo de me perder pelo caminho, de deixar de ser eu.
Eu quero frio na barriga. Eu quero ser uma pagina nova a cada dia. Uma pagina nova de um livro bom de ler, daqueles que você não consegue tirar os olhos enquanto não descobre o que acontece na pagina seguinte, mas não se importa se precisar voltar dois ou três capítulos pra entender uma frase aleatória.

Quero me apaixonar todos os dias pela mesma pessoa. Quero que ele me encante, que desperte meu interesse, que seja a minha novidade. Quero o gosto da primeira vez com a intimidade da convivência. O brilho nos olhos, o sorriso sem graça, o arrepio quando está por perto, o aperto no peito quando está longe. E quero que seja reciproco. Quero que seja por hoje.. O amanhã a gente pensa depois.

Eu quero que seja novo. E de novo.

Quero ser um texto inacabado pra você sempre ter que pensar como