"Seja você mesmo", eles disseram. "Fale o que pensa", eles disseram. "Haja com naturalidade", eles disseram.
Inventar um personagem e interpretá-lo no dia a dia é apenas uma questão de figurino e prática: Acorda, lava o rosto e põe sua roupa de "parecer ser": Eu pareço ser legal, descolada, sorrio para os desconhecidos e termino o dia aplaudindo o Sol. Eu sou cool. Todos me amam, os caras me desejam e eu sou A poderosa.
Tem o extremo oposto: Eu sou chata. Tem pessoas que são chatas porque simplesmente são chatas, e tem aquelas que escolhem ser. Fazem cursinho intensivo e PRONATEC. São chatos porque forçam a barra. Contrariam, discutem, importunam. No fundo só querem chamar atenção. Esses merecem uma cerveja e um abraço. E terapia, nos casos mais graves.
Você passa tanto tempo no personagem que vira hábito e acaba confundindo o "quem sou" com o "quem eu pareço ser". Confunde. Mistura. Intercala. Alterna. Faz a esfinge e desafia o outro a te decifrar, mas não é por mistério não. É só vontade de descobrir quem você é naquele dia. Ou quem parece ser.
Eu sou mais uma dessas espalhadas na multidão. Mais uma que chega em casa, tira a mascara e coloca na gaveta. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo mal feito, chuto a sapatilha pra algum canto do universo. Vou jogando a roupa pelo chão do quarto, ligo a televisão e assisto um desenho qualquer. Dou risadas aleatórias com as coisas mais idiotas que acontecem ou reclamo mentalmente da vida. Tudo depende do dia. Cadê meu chocolate? Preciso de um abraço. Não quero ver ninguém hoje. Preciso de companhia na mesma proporção que preciso de espaço.
As vezes bate uma vontade danada de ser legal e isso me faz uma idiota. Eu não sou legal, não da forma que eu queria. Eu sou debochada, sarcástica, xingo e faço piadinha sobre 80% das coisas. Tenho riso frouxo e provavelmente vou ter alguma crise em um momento inapropriado. Essa sou eu. Essa sou a "eu" que conheço.
E as vezes, por pura insegurança, uso uma mascara para minimizar a timidez e a vontade de me esconder do mundo e deixar a vida passar. É mais que obvio que isso nunca dá certo e que sempre me arrependo. Sempre perco a mão e fico me perguntando porque diabos fiz ou não fiz aquilo.
Então você me pergunta: Não é mais fácil ser natural, ser você mesma? Sim, meu caro leitor imaginário. Seria mais fácil e é o que eu tento fazer, e a partir do momento que eu "tento" já perco 50% da naturalidade.
Eu não sei pagar de gatinha. Não sei parecer legal, nem descolada. Eu discuto política porque tenho ideais e ideologias, não porque está na moda. Discuto futebol porque amo e porque fui criada entre homens: era aprender ou aprender.Sou reclamona e acordo de mau humor. Não propago a felicidade 24 horas por dia e sou um poço sem fundo de defeitos. Eu não escondo isso. Talvez seja na naturalidade que minhas qualidades apareçam. Talvez seja essa a dificuldade em ser natural: Mostrar quem é. Sem mascaras, sem rótulos, sem pose pra foto.
Eu não sei pagar de gatinha. Não sei parecer legal, nem descolada. Eu discuto política porque tenho ideais e ideologias, não porque está na moda. Discuto futebol porque amo e porque fui criada entre homens: era aprender ou aprender.Sou reclamona e acordo de mau humor. Não propago a felicidade 24 horas por dia e sou um poço sem fundo de defeitos. Eu não escondo isso. Talvez seja na naturalidade que minhas qualidades apareçam. Talvez seja essa a dificuldade em ser natural: Mostrar quem é. Sem mascaras, sem rótulos, sem pose pra foto.
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